casos confirmados

Armadilhas para capturar transmissor da leishmaniose serão instaladas em Santa Maria

Foto: Lucas Amorelli (Diário)
Coleira impregnada com deltametrina é uma das alternativas de prevenção da doença

Após a confirmação de 12 casos de leishmaniose em Santa Maria, a 4ª Coordenadoria Regional da Saúde vai instalar, na próxima semana, armadilhas para capturar o mosquito transmissor da doença. Até agora, os vetores ainda não foram encontrados na cidade. 

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Serão cinco dispositivos luminosos instalados em pontos estratégicos nos locais que registraram o maior número de casos, os bairros da Zona Norte. De acordo com o médico veterinário da Vigilância Ambiental em Saúde, Carlos Flávio Barbosa da Silva, as armadilhas serão colocadas à noite e retiradas no final da madrugada. 

Além dos casos confirmados, a 4ªCRS aguarda o resultado de exames enviados para análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (LacenRS) de seis casos suspeitos.

O veterinário alerta que se a população perceber sinais nos animais, é preciso entrar em contato com um veterinário para realizar um teste rápido. Se ele for positivo, os profissionais devem entrar em contato com a Vigilância Ambiental em Saúde.

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DÚVIDAS SOBRE A DOENÇA  

O que é a Leishmaniose Visceral Canina? 
É uma doença infecciosa sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, aumento do fígado e baço (hepatoesplenomegalia), perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações. Pessoas residentes em áreas onde ocorrem casos de Leishmaniose Visceral Canina, ao sentirem esses sintomas devem procurar o serviço de saúde mais próximo a sua casa o quanto antes, pois o diagnóstico e o tratamento precoce evitam o agravamento da doença, que pode ser fatal se não for tratada. 

Como se transmite? 
A transmissão acontece quando fêmeas de insetos flebotomíneos infectados picam cães ou outros animais infectados e depois pica o homem transmitindo o protozoário Leishmania chagasi.  

Como são chamados os insetos que transmitem a doença? E quais suas principais características? 
Os transmissores da Leishmaniose Visceral Canina são insetos denominados flebotomíneos e conhecidos popularmente como mosquito-palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. O nome científico da espécie de flebotomíneo mais importante para a transmissão da doença é Lutzomyia longipalpis. Estes insetos são pequenos e têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. O ciclo biológico do vetor ocorre no ambiente terrestre e passa por quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto (forma alada). Desenvolvem-se em locais úmidos, sombreados e ricos em matéria orgânica (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os flebotomíneos se desenvolvem). O desenvolvimento do ovo à fase adulta ocorre em cerca de 30 dias. As formas adultas abrigam-se nos mesmos locais dos criadouros e em anexos peridomiciliares, principalmente em abrigos de animais domésticos. Somente as fêmeas se alimentam de sangue, pois necessitam de sangue para o desenvolvimento dos ovos e sugam uma ampla variedade de animais vertebrados. A alimentação é predominantemente noturna. Tanto o macho quanto a fêmea tendem a não se afastar muito de seus criadouros ou locais de abrigo podendo se deslocar até cerca de um quilômetro, com a expressiva maioria não indo além dos 250 metros. O tempo de vida (longevidade) da fêmea é estimado, em média, em 20 dias.  

É possível combater o inseto transmissor? Quais ações podem ser feitas para evitá-lo e controlá-lo? 
Sim. Especialmente com o apoio da população, no que diz respeito à higiene ambiental (manejo ambiental). Ou seja, por meio de limpeza periódica dos quintais, retirada da matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os flebotomíneos se desenvolvem) e destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir o desenvolvimento das formas imaturas dos flebotomíneos; limpeza dos abrigos de animais domésticos, além da manutenção de animais domésticos distantes do domicílio, especialmente durante a noite, de modo a reduzir a atração dos flebotomíneos para o intradomicílio. 
Outra forma de controle do inseto transmissor é por meio do uso de inseticida (aplicado nas paredes de domicílios e abrigos de animais). Porém a sua indicação é apenas para as áreas com elevado número de casos como municípios de transmissão intensa (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 4,4), moderada (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 2,4) ou em surto de Leishmaniose. Ressalta-se que esta medida é direcionada apenas para o inseto adulto, daí a importância de desenvolver ações de manejo ambiental de forma a destruir os locais de desenvolvimento das formas imaturas do vetor (ovos, larvas e pupa). 

A Leishmaniose Visceral Canina tem tratamento em seres humanos?
Apesar de grave, a Leishmaniose Visceral Canina (LV) tem tratamento para os humanos. Ele é gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde e baseia-se na utilização de três fármacos a depender da indicação médica: o antimoniato de N-metil glucamina (Glucantime®), a anfotericina B e a anfotericina B lipossomal. 

E para os cães? Existe tratamento eficaz?  
O tratamento da Leishmaniose Visceral Canina Canina (LVC) traz riscos para a Saúde Pública por contribuir com a disseminação da doença, pois os cães não são curados parasitologicamente, permanecendo como reservatórios do parasito, além do risco de desenvolvimento e disseminação de cepas de parasitos resistentes às poucas medicações disponíveis para o tratamento da Leishmaniose Visceral Canina humana. Os medicamentos utilizados atualmente para tratar Leishmaniose Visceral Canina não eliminam por completo o parasito nas pessoas e nos cães, no entanto, no Brasil o homem não tem importância como reservatório, ao contrário do cão que é o principal reservatório do parasita em área urbana. Portanto, nos cães, o tratamento pode até resultar no desaparecimento dos sinais clínicos, porém os mesmos ainda continuarão como fontes de infecção para o vetor, e, portanto um risco para saúde da população humana e canina.  

A eutanásia de cães é a única solução?  
A eutanásia é recomendada como uma das formas de controle da Leishmaniose Visceral Canina (LV), mas deve ser realizada de forma integrada com as demais ações recomendadas pelo Ministério da Saúde (MS). Vale ressaltar que a mesma é indicada como forma de controle por meio de inquéritos censitários apenas para municípios com transmissão moderada e intensa, o que atualmente equivale a 251 municípios no Brasil. 
Existem formas de prevenir a infecção tanto no cão quanto no homem. Para tanto é fundamental a limpeza de quintais através da retirada de matéria orgânica (folhas, troncos, restos de vegetação), lixo, limpeza periódica dos abrigos de animais domésticos e, se possível, manter os abrigos de animais afastados da casa. Lembrando que, para que a transmissão da doença ocorra é preciso ter a presença do inseto flebotomíneo, por isso devemos manter a higiene permanente do ambiente de forma a reduzir ou eliminar os potenciais criadouros destes insetos, consequentemente, promovendo a proteção dos cães e dos seres humanos contra a doença. Recomenda-se também, como forma de impedir que o vetor se instale dentro de casa, o uso de telas de malha fina em janelas e portas.
Existem outras ferramentas preventivas que merecem ser melhor avaliadas do ponto de vista do uso em saúde pública. Uma dessas ferramentas é a coleira impregnada com deltametrina a 4%. O Ministério da Saúde está financiando um estudo para avaliar o impacto do uso dessa ferramenta no controle da doença humana em municípios de transmissão intensa do país.  

Existem vacinas contra Leishmaniose Visceral Canina canina no Brasil? O Ministério da Saúde recomenda o seu uso?  
Atualmente existe uma vacina antiLeishmaniose Visceral Canina em comercialização no Brasil. Os resultados do estudo apresentado pelo laboratório produtor da vacina atendeu às exigências da Instrução Normativa Interministerial n° 31, de 09 de julho de 2007, o que resultou na manutenção de seu registro pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No entanto, não existem estudos que comprovem a efetividade do uso dessa vacina na redução da incidência da Leishmaniose Visceral Canina em humanos. Dessa forma, o seu uso está restrito à proteção individual dos cães e não como uma ferramenta de Saúde Pública.   
A vacina está indicada somente para animais assintomáticos com resultados sorológicos não reagentes para Leishmaniose Visceral Canina. Cabe destacar que o imunobiológico não é o único instrumento de prevenção individual da Leishmaniose Visceral Canina (LVC) e que outras medidas devem ser adotadas, conforme normatização do Ministério da Saúde. Os animais que apresentarem sinais clínicos compatíveis com LVC e/ou reações sorológicas reagentes estarão passíveis das medidas sanitárias vigentes. 

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